domingo, 23 de outubro de 2011

Lorac ( Rafael Muller)

Tu é a minha poeta viva favorita...

"Essas pessoas poéticas,
Poéticas pessoas,
Pessoas... poéticas." 

"Sabes que saudade e poesia
São as duas cores dos teu olhos,
Que o teu silêncio é predicado 
E o teu vestido nostalgia." 

"Sabes que teu jeito moreno de olhar
É dessas leituras prediletas
Que preenchem o instante
Entre o sonho e o verbalizar. "

"Sabes que esse teu sorriso
É fato, é foto, é a minha benção 
Nas taquigrafias do dizer, 
Pois vez ou outra inda me perco
Nesses mistérios de palavras tão suas... 

A culpa é dela

A culpa é dela e sempre dela, porque dela emana todas as culpas, a de amar, a de falar, a de pensar e a de viver...
É dela a culpa desta balburdia contínua, desta desordem coletiva, destes corações em alvoroço, destes olhos presos no rebolado libidinoso e do querer.
É dela a culpa pela música na vitrola, pelo arrepio que a noite provoca e da lembrança e da saudade e da vontade de estar com ela. Foi por culpa dela que conheci a falta, o desgosto, a frustração e o amor.
A culpa é dela pela minha tristeza, pela minha mania de querê-la, de amá-la e de senti-la minha, mas minha que a minha própria pele.
E de todas as culpas que ela tem a minha preferida é a de ser tão bela.
- A culpa é dela...

A moça da Janela

Encontrei-a muitas vezes
Com seus olhinhos perdidos
Com aquele tímido sorriso
Na janela a suspirar

Encontrei-a muitas vezes
Com seus cachos esvoaçados
Com aquele rosto corado
Na janela a suspirar

Em um infeliz dia
Acordei esperando o bom dia
Mas não tinha cacho, nem sorriso
Não tinha cor, não tinha ela
Não tinha flores na janela
A moça com quem sonho todo dia
A moça que me sorri todo dia
Hoje não me olhou, não acenou
Não sorriu

O meu dia nunca foi tão triste
Tão longo e tão sem cor
Esperei a noite inteira pela aurora
Para ver na janela outra vez
A moça, seu sorriso e as flores

Olha lá, olha ela
A moça da janela
Que passa a vida sonhando
Com um amor que nunca vem
Olha lá, olha ela me olhando
Encontrando no meu olhar
A mesma dor de quem espera
Olha lá, olha ela

-Esperando...

Il fiore blu

Un fiore blu nasceva nel giardino in mezzo a oltre fiori, mà tutti erano rossi, grandi e con molti petali. Il piccolo fiore blu si sentiva brutto e solitario perché tutti i fiori erano rossi e belli, appena lui aveva quel colore, le farfalle non si atteravano mai sul suoi petali. Un giorno per la prima volta il fiore guardò il cielo per dimenticare la sua tristezza, mà riconosceva nel cielo il colore blu che la natura gli aveva dato. Era blu, un mondo blu e vivo. Farfalle blu volavano veloci e un uccello blu girava nel cielo.
L’uccello non era veramente blu, era bianco, mà il fiore adesso pensava che tutto nel cielo era blu, blu come i suoi petali.
Lui sognava tutto il giorno di trasformarsi in un uccello per potere volare per il cielo, mà la sua fragile radice era presa al suolo. Un giorno un’uccello viniva a prendere semi nel suolo fra le rose, il fiorino involgó il su fino caule nella zampa dell’uccello chè si spaventò e volò via, strappando del suolo il piccolo fiore.
Era tanta felicità che il fiorino non poteva credere, finalmente volava. Volò tutto il giorno intrappolato alla zampa dell’uccello e si sentiva molto bene. Non era più solo un puntino blu in mezzo al giardino di rose. Volava, volava per il cielo.
La sua linfa stava evaporando lentamente nei suoi petali, come non era legato a terra, non poteva alimentarsi e stava lentamente perdendo potere e cadeva dalla zampa dell’uccello. É caduto vorticoso in aria come una piuma. I suoi petali appassiti finalmente sono riposati tra le rose bianche. È morto sognando che era un pezzo di cielo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Do avesso

Eu nasci assim, do avesso
Não tenho endereço fixo
Não tenho raiva nem apreço
Com as coisas do mundo

Eu cresci assim, do avesso
Tenho vícios, quase todos bons
Tenho amigos, quase todos bons
E ainda sei cozinhar

A minha opinião é contrária
A minha atitude é contrária
Eu ando em desalinho de mundo

Eu vivo assim, do avesso
Sonho todo dia, escrever poesia
Mas só sei escrever o avesso.

Da janela

Aberta, semi-aberta, convidativa
Vi da enorme janela a parca vida
Que não dorme na noite da cidade
Abracei-me aos meus medos de escuro
Segurei-me na insônia e contemplei
O céu expulsando sua escuridão lentamente


Os ratos e as putas num eterno trânsito solitário
Entre a solidão e o silêncio
Da noite que absorve tudo
Mas não adormece o meu olhar


Da enorme janela solitária
Que me acolheu como cama apiedada
Eu vi a noite e as minhas lembranças
O frio castigando o meu corpo
E meu olhar perdido, absorto
Embriagado nos vazios da cidade...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sob o cansaço...

Cansei, usei esta palavra muitas vezes este ano
Usei esta palavra muitas vezes nesta vida
Cansada de chorar feridas frágeis e sem sentido
Cansei, do engano, da dor e de todo aparato frágil
Das palavras desnecessárias e das opiniões alheias
Cansei, do sorriso que não dura muito e do adorno
Da fé que não dura, do amor que depois subjuga
Da carne que ao ser saciada apodrece, se anula
Do julgamento errôneo e sem direito a defesa
Da minha vida exposta, caricaturada sobre a mesa
Cansei desta minha mania de esperar respostas
De pessoas inúteis que nem de viver gosta
Se não for para do outro e para o outro sorrir
Cansei desta minha face menina sempre molhada
Desta minha boca pequena e tão usada, e para nada
Cansei deste corpo tão cansado da culpa, da luta
E dos dias...
Definitivamente cansei de ouvir que o mundo é assim mesmo
Que pra tudo dá-se um jeito
O jeito que vejo é morrer
Morrendo não faço mais que livrar-me da culpa
Que de alguma forma suja, também e minha
Cansei, e cansada descobri que a minha pele é dura
Mas não o meu coração, que se arrebenta a cada dia
Ouvindo de um ser qualquer dor em forma de palavras
Foi um aviso, foi um mal entendido, foi uma ilusão
Foi uma inverdade, foi um devaneio, foi um anseio
Que se fodam as definições e os meios
Cansei, cansei até de dizer que cansei
Mas mesmo cansada a minha dor não cansa
E dói]
Dói hoje a dor de ontem, a de anteontem
E vai doer todos os dias até que eu sare
Desta minha estranha mania
De viver...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Insônia

Insônia pode até ser mal dos poetas
Mas o meu caso, senhorita, é mais cômico e mais trágico...
O meu mal é viver.
Vivendo sinto na pele todos os dias
A solidão das cidades e a sua devassidão
Dos seus cidadãos inertes e infames
Ganho todos os dias uma nova dor
E ainda me cobram integridade e moral
Durmo se consigo, não se quero
Dormir é para quem consegue fechar olhos
E apagar na retina da inquietude os fatos
Vazios e insanos do cotidiano semi-feliz
Se eu tivesse menos sóbria hoje
Diria até que o meu mal maior, é amar...

Na farmácia

Seu farmacêutico, por favor
Me dá um Band-aid
Esparadrapo, um cola-tudo
E dois parafusos
- Este último não tem.

Então me dá por favor
Um anti-inflamatório
Uma pomada pra olhos
E um anti-paranóico
- Este último não tem.

Me dê ai um anti-ácido
Uma fanta uva
Um maço de cigarros
E um solvente de dúvidas
- Este último não tem.

Então me dá por gentileza
Um energético
Um calmante
E duas caixas grandes
De anti-timidez
- Este último não tem.

Então vou levar
Somente o necessário
Sossego solúvel
Aspirina pra tristeza
E um remédio de memória
-Este ultimo não tem.

O senhor me desculpe
Mas tenho quase certeza
Que esses trecos que preciso
Tem na sua prateleira

Tem sim senhora
Mas uma Dona sem rosto
Passou aqui em agosto
E levou tudo que tinha
Ela tinha o mesmo sorriso
Exatamente o mesmo sorriso
Triste e perdido
Que vês agora no vidro
Refletindo aflição
E se ela se lembrasse sempre
De tomar os remédios de mente
Desses que seguram a memória
Ia lembrar-se agora
Que está sempre esgotado
Este aparato frágil
Que não resolve mais
Que azia e insônia

Senhor farmacêutico
Lembrei que esqueci algo
Vou-me embora, não levarei nada
Vou procurar essa dona egoísta
Que levou tudo que preciso
Vou tomar minha dose diária de juízo
Dormir e sonhar que não esqueci de tomar
Minha pílula anti- esquecimento
Mas embrulha por gentileza
Aquelas aspirinas, por favor.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

De repente...

De repente branco, de repente manso
Esse pensamento que embora bruto
Pensa sempre a fundo no amor e tudo mais
De repente cinza, branco silêncio
A voz doce no toca fitas empalideceu as palavras
No pensamento que outrora
Em balburdia contínua me dizia: escreva
De repente rosa e botões pequeninos
Lembrando-me as palavras que eu não esqueci
De repente poesia, torrente, dedos em tropeço
Aprisionando palavras que tentavam fugir
De repente noite que parecia dia

De repente Eu
Eu-poesia
De repente nós
De repente a sós
De repente amor

Aprisionei-as entre linhas para pedir o que não peço
E nas entrelinhas dos versos, escondi alguém
Alguém que não era eu, mas que de repente meu
Deu-me algo sobre o que escrever
Escrevi com o pensamento branco
Branco como o pensar do esquecimento
Pensar que nesse momento, era pensar de amor
E escrevendo percebi que se te fogem as palavras
As mesmas que te deixam te trazem o que amar
Te fiz nas palavras, ser sem mundo e sem amor
E para que não fujas te dei o dom do não saber
Bom foi perceber que podendo mesmo partir
Preferistes ficar

De repente meu
De repente Eu
De repente nós
Nós-poesia...

Pedaços e momentos

Encontros, desencontros, atrasos
Abraços apertados, sorrisos, saudades
De uma vida inteira que durou um dia
O álcool, o palco, a areia, o violão, o sorrir
E cada minuto de tempo “desperdiçado”
Rende-me uma vida inteira de boas lembranças
A grama acolhendo em seu verde o som
O sorriso e o canto saudoso de tudo
Palmas para o sol que ilumina a nossa vida
Sim, eu adoro esse período do dia
Sim mais sorrisos, a mulher da selva chegou
O mar, o céu, um sol, um ré e um lá
Toquem Raul, mas também serve isso ai
Eu adoro a areia da praia enfim...