segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Morada

Deixa-me morar em você
Eu te levo comigo onde for
Ver os mares que sonhei
Ver as rotas que tracei
Viver os planos que sonhei

Deixa-me pousar em seu colo
De mãos dadas
Pernas entrelaçadas
Palavras suspiradas
Sou teu lar, tu, minha casa

Deixa-me viver em você
E quando mudar os planos
Mudamos os ventos
Seguimos nossas vidas
Boas memórias permanecem

Deixa-me estar em você
Teu amor, lar doce lar
O mundo como quintal
Sonhos, vôos e pontes
Um relicário de doces histórias

Deixa-me morar em você
Quando insano me deixas ir
Insana permaneço, impermanente declaro,
Lar, é onde um coração passarinho
Caça jeito e faz ninho
Deixa-me...

Pele preta

A cor da minha pele atrai o metal?
Me xingaram, me espancaram
Palavras que me matam
Pouco a pouco a cada dia

O cacetete era madeira
O chicote, eu já nem sei
As palavras eram ódio
Gratuito e assegurado por lei

Mataram o filho de Maria
Mataram Maria,
São tantos crimes, tanta dor
E a lei onde fica?
Não funciona para os de cor

Olhai aí, mas um filho morto
Mais um irmão andando torto
Olha aí, vai morrer
E aquele que andava certo?
Morreu de quê?