Uma distância mutuamente mantida
A fim de assegurar que seus corpos
Mantenham segura distância
Aos olhos dos que vêem e dos que não vêem
É aí que o magnetismo entra em ação
E encontros distraídos acontecem
Olhares fugidios, palavras sussurradas
E os pêlos dos seus corpos
Se esticam como para se tocar
E a razão tenta reinar
Num reino onde o coração faz o que quer
Mera ilusão de sapiência orgulhosa
Pois bem sei que quem manda na Rosa
É seu pobre coração, louco e sem juízo
Eis que te aprisionam entre braços
E suas pernas não dão nenhum passo
Mas seus lábios vão ao encontro dela
Eis que a Rosa se sente acanhada
Sabe que não pode fazer nada
Além de aceitar o seu beijo
Ciência não explica essa ligação
Não é amor, além da fraterna proteção
Não é amizade, além da materna compaixão
É algo sublime e carnal
É coisa de pele!
E todas as vezes que vocês se encontrarem
E todas as vezes que seus olhos se cruzarem
Seus lábios irão se tocar
E se os corações disparam
Não é por sintoma de amor
É por pueril receio
De que os limites pareçam distantes
De que o beijo se faça fecundo
De que os corpos não se separem mais
Tempo e distância não são importantes
Tempo não apaga
Distância não separa
E isso nos olhos dele
É coisa de pele
Atração devastadora
E isso nos olhos dela
È coisa de pele
Tentação em forma de Rosa
Que Deus os livre de uma separação concreta
Porque seus olhos perderiam brilho
Porque seus lábios perderiam malícia
E ninguém entende como tanta doçura
Ofusca tamanho desejo
E quando seu beijo lhe parece distante
Ele a procura noite a dentro e se frustra
Porque não há outros lábios como os dela
Não há outra língua que lhe revele
Suas mãos se perdem pelo seu talhe
E meus olhos registram cada detalhe
Dessa irresistível coisa de pele!