Conjuga-me
Que este presente foi dado
Conjuga-me
Que o futuro é caso pensado
Conjuga-me
No tempo em que verbalizo esse amor
Descomedido e descompassado amar
Conjuga-me nos tempos de outrora
Conjuga-me agora no mais que perfeito silêncio
Do beijo, do abraço e do coito inocente
De criança que sente que amar é doar-se e só
Conjuga-me, que o meu imperativo é condicional
Condiciono a você o meu presente futuro
E o amor que taquigrafei nestas palavras
E o amor que taquigrafei no teu corpo
E cada mordida intencionalmente libidinosa
Faz parte do indicativo de amar
Conjuga-me e eu vou gerundiando
Até que o nosso infinitivo se finde
No fechar de olhos e no brotar do pranto
Porque no momento longínquo
Em que esse amor não mais imperar
Deixarei de ter palavras e gestos e verbos
Para falar e pensar e andar e sorrir e viver
Conjuga-me
Porque eu existo nas tuas palavras
Eu já verbalizei este amor, agora é a tua vez
Conjuga-me.