segunda-feira, 25 de julho de 2011

Poesia viajante


Escrevi
Em relapsos de lucidez
As palavras mais doces
Que os olhos vagos me confessaram
Através de intermináveis silêncios
Eu ouvi meu nome e um pedido
A minha eloquência tímida
Ditando passos ritmados
De toque com toque e pudor
Refugiando no negrume
De olhos cerrados
Por força da noite
O desejo, a febre, a sede
De palavras solitárias
Em textos intermináveis
Que ensinavam a perceber
E discernir cada intensidade
Daquele embriagante silêncio
Um espasmo de luz, o sol, o dia
E o teu silencio confuso
Aprisionou-me dentro de mim
Minhas palavras tão fáceis ligeiras
Esvaíram-se no primeiro pudor
Que um sorriso vago me infringiu
Perdi as minhas palavras
Mas lembro de cada arrepio
Cada suspiro
Cada beijo
Cada toque
Cada rima
Cada verso mal rimado
Cada lágrima
Cada sorriso
E de cada um
Dos seus intermináveis silêncios.