sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Aurora

Meu nome agora é Aurora
Explodi meu riso inda agora
Catei meia dúzia de sonhos
E libertei-me de muitas amarras

Seu olhos lerão aurora
Em folhas de jornais baratos
Sua boca sussurrará meu nome
Mesmo quando não mais recordá-lo

Espelhei-me em bicho do mato
Que rasteja em chão enluarado
Que tem feitiço de ondina
E misteriosa arte de gato

Desnudei minh'alma inda agora
E tu que ousou julgar os ventos
Não sabe a sandice que fazes
Lembra-te, meu nome é aurora

Seus medos e sujos segredos
Brilharão no teto do mundo
Brilharão toda manhã
Junto com o meu sorriso

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Uma tarde séria com gente séria

Era uma tarde séria. Ela havia um compromisso sério, numa sala séria com pessoas sérias. Tinha uma única obrigação, ouvir o que as pessoas diziam para que quando fosse a sua vez de falar ela pudesse fazê-lo com discernimento e conhecimento dos pontos de vistas alheios. As pessoas foram falando, sobre suas coisas sérias de gente séria. Interessou-se seriamente algum tempo pela fala das pessoas, mas não tardou a perder o olhar na janela que dava para uma vida efervescente lá fora. Muitas horas se passaram até que fosse a sua vez de falar. Inquiriram-na. O olhar perdido lá fora, desperdeu-se. Então, lembrou-se que tinha de falar sobre coisas sérias. Falou sobre as flores coloridas da grande árvore lá fora que atraia muitos pássaros e borboletas com o seu aroma e colorido primaveril. A pessoa mais séria daquela sala repreendeu-na, achou desrespeitoso falar sobre coisas não sérias naquele momento. Para surpresa de todos, ela levantou-se e despediu-se. Ainda em total crença de desrespeito, a pessoa mais séria daquela sala perguntou para onde ela iria. E com uma cara muito séria (e calma) ela respondeu que ia sair e sentar-se em baixo daquela árvore para escutar o canto dos pássaros e admirar a leveza das borboletas lá fora, afinal, aquela era uma tarde séria e a beleza mágica da vida era a coisa mais séria que ela conhecia.

Descontextual

Aprender galego
Viajar para a Turquia
Arco e flecha
Dar a volta ao mundo
Sem contar os dias

Fadas, Dríades, Ondinas
Navegar, saltar, voar
Nadar no palácio de algodão
Queimar os pés no planalto de Gizé
Explicar coisas sem explicação

Conseguir controlar o riso
Mas só em situações inapropriadas
Chegar nadando na Ilha de Malta
Ah, e aprender a nadar

Poço dos templários
Se livrar de medos imaginários
Nunca perder o elo com a terra
Nunca deixar de ter ideias
Nunca afastar-se do amor de Gaia

Não perder a essência de avesso
Preocupar-se raramente com endereço
Não duvidar da magia
Nunca deixar de sonhar
Nem por um dia.