segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Conversa de botequim

Olha moço, faz uns cinco meses já, o deixei a contragosto, mas foi preciso. A última pessoa por quem tive algum sentimento, não vejo há mais ou menos cinco meses. De lá pra cá me envolvi e poucas vezes fui envolvida por algumas pessoas, mas só coisas fugazes, muitas vezes impulsionadas pelo tédio . Mas eu descobri meu caro que o modo mais seguro e porreta de matar o tédio é assim, numa mesa de bar, com um bom amigo; ou não, bebendo alguma coisa, vendo as pessoas passarem rindo ou chorando, de um jeito ou de outro, vivendo.
Eu não estou muito certa do que acabei de dizer, porque muitos dos rolos em que me meti foi por causa de uma ida até um botequim qualquer, encontros casuais, e eu sorvendo esse remédio alcoólico anti-tédio. É sim senhor, o sexo é mais que uma necessidade do corpo sabe, é uma coisa da alma. Essa tua cara de curiosidade moço, sempre me faz rir, mas não se preocupa que eu não tenho vergonha de falar dessas coisas não, principalmente numa mesa de bar.
Sim senhor, me envolvi com meia dúzias de caras nesse meio tempo, bonitos; ou não, grandes; ou não, inteligentes; ou não, bons de cama; ou não, mas é como eu lhe disse moço, é só para enganar o tédio. Que engraçada essa tua opinião, mas eu sou assim mesmo, não crio caso com a solidão, tanto faz eu enganar o tempo com uma dose de vodka, umas músicas, uma transa, um truque de cartas ou uma mesa de bar, muito embora eu prefira esta última.
Ah seu moço, não é amargura de coração não, é só cansaço e indolência mesmo, a vida às vezes faz isso com agente, sou moça de sentimentos sim senhor. Apesar de não procurar a fonte, se algum bom aventureiro se encanta por mim e me faz os devidos cortejos, me dizendo essas coisas estúpidas e infantis e engana meus olhos com verdes moradas ou ondulantes recantos, eu me deixo levar e me permito ser penetrada pelo mundo, me desligo, absortamente me emburreço, como toda mulher. Gozo e autorizo gozo, como se fosse um último ato e penso na cria que possivelmente terei um dia, penso na dor da primeira vez, penso que nunca chegara a última, até que eu morra e penso como seria bom fazê-lo todos os dias, com toda sorte de pessoas e aprender coisas novas e estimulantes. Eu sempre penso na dor, dói, mas é bom, dói, mas é tão bom, cansa meu corpo eminha alma, mas eu quero uma, duas, três, até esgotar toda força que tenho. Eu gosto viu moço, ah como gosto dessa minha intensidade.
- Claro menina, sexo é bom e faz bem para o corpo e para alma, sanidade para o corpo e mente, para mim é elevação de espírito.
Sim senhor, eu também acho isso ai, mas olha moço, eu tava falando de amor.

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