terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fotografias

Revirando a velha gaveta, bagunça, lembranças
Encontrei a minha vida impressa em ”Glossy paper”
Fotografias recortadas, poesias rabiscadas, discos
Fotos dos fatos e sorrisos felizes de uma vida inteira
Encontrei o sorriso empoeirado do primeiro amor
Recordei o amigo simples de sorriso fácil que se foi
Da atriz que escolheu papel de pouco brilho viver
Da menina virgem de olhos acesos e sutis abraços
Da dedicada amiga que nunca negou combro
De uma pilha de imagens e sonhos que nunca realizei
Da mulher de pouco seio e muita petulância
Da felicidade e do adeus à inesquecível infância
Das tardes produtivas de livros e amigos na praia
E dos por de sóis eternizados em fotografias
Contabilizei dias e dias, retratando a felicidade sóbria
Da embriaguez coletiva retratei os meios e os fins
Lembrei-me também da menina de medos de escuro
Mas esta eu não relembrei porque de fato nunca esqueci
Fotografias são peças de quebra-cabeças de vida
Vida, fato, dia, noite, inteira, meia, longa, toda a vida
Aprisionei instantes de pura felicidade e outros tantos
De felicidade nem tão pura, nem tão pouca
Só felicidade, mas tive a fineza e inocência de capturar
A contra gosto de sábios, momentos de tristeza bela
A lágrima de outrora parece menos quente e menos densa
Bem como a beleza dos pequenos seios anunciando fertilidade
Por favor, fotografem a menina de medos de escuro
Porque a farei partir logo que achar meios para tal
Fechei a gaveta com sua poeira e velharias
Mas a ausência de luz não apaga lembranças
Mas a ausência de luz não apaga seus medos
Por favor, fotografem-na mais uma vez
Ensaiarei o melhor sorriso.

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