Vinte anos. Morando, vivendo e vagando no mesmo bairro e na mesma rua, e só conheço meia dúzia de seres. Amigos? Sim, tenho um ou dois, talvez três, mas se gritar pega os meios termos não fica ninguém, aliás, fica apenas um.
Mas eu adoro sorrisos e abraços e folias. Dou corda e espaço, tinta e tela. Permito-me ser moldada, usada e sorvida pelos meus amigos de muitos lugares e horas, porque eu não consigo menos do que a intensidade, não sei ser menos do que sou. Não, não estou a me contradizer, é que conheço pelo menos uns quatro significados diferentes para a palavra amigo, e levando em conta essa perspectiva, tenho um bocado de amigos por esse mundo.
Mas eu me enojo, me enervo, me bulo toda com os maus vícios desta modernidade vazia de fidelidade nas palavras. Parece que agulhas mutantes de diamante estão penetrando os meus cromossomos todas as vezes que ouço um Eu te amo comercial, ou um Eu te amo produto dos maus vícios e modismos das redes sociais.
O que eu sei é que as pessoas te amam incondicionalmente, amigos de todas as horas, até que se apaixonam e te esquecem, vivem um amor medíocre por um tempo, porque amor que te afasta de coisas boas e primordiais pra mim é coisa medíocre. E o amor acaba, e o coração aperta, e o seu telefone toca. Amiga saudade. Saudade?
- Saudade meu ovo.
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