“Num mundo onde a verdade é o avesso
E a felicidade já não tem mais endereço”
Eu vi, em olhos inocentes e frios
Todas as perguntas inquietantes
Quem decide o que é verdade?
Quem inventou ciúmes e vaidade?
Quem inventou a inútil morte?
Quem privilegiou a má sorte?
Por que respostas são tão vãs?
Esta ultima pergunta me calou
E me encontrei naquele olhar
Vago, inquieto e indagador
Sabia que ia perguntar de amor
E porque somos obrigados a amar
Calei, sem nada ter dito calei
E identifiquei a boca pequena
O olho preto, duro e insultante
O coração dolorido e pulsante
Era eu.
Era eu perguntando a mim mesma
Era o Eu de antes perguntando sim,
Ao Eu de agora porque nada mudou
Sim, também acho as respostas vãs
Mas a vontade de indagar é inata
Às vezes espero resposta sensata
Mas quase sempre ouço clichês
Falsos dogmas e inverdades
Mas quem é que decide a verdade?
Não sei, por isso as minhas criei
A que me faz bem e a ti também
A que me parece justa a todos
A que parece adequada ao mundo
Mas este anda tão imundo e louco
Que eu ando vivendo às avessas
Faço tudo ao contrário, é moda
Mas não roubo nem mato
Sexo é pecado, imoralidade
Mas eu acho é que traz alegria
Se pudesse fazia todo dia, e posso
Amar ao próximo é obrigação
Mas eu só amo quem quero
A minha verdade é boa, mas há quem negue
Só sei que a verdade alheia, não anula a minha
Só sei que a vontade alheia não anula a minha
Mas também todas as minhas respostas são vãs
E eu vi o olhinho preto e confuso
Ensaiando a custo, um sorriso
Me levantei e sai, deixando
Deixando não por descuido
Mas por certeza meio incerta
Que a minha verdade é convidativa
Deixei a porta do avesso
...
Entreaberta.
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